Microsoft é CONTRA os games EXCLUSIVOS

Atualmente a Microsoft enfrenta uma árdua batalha contra a FTC por conta de sua tentativa de aquisição da Activision Blizzard, uma transação que, apesar de já ter sido aprovada em boa parte do mundo, segue em disputa e enfrenta dificuldades para ser aprovada em especial pela já citada FTC.

CEO da Microsoft Satya Nadella aparece na corte para o caso FTC vs Microsoft
<sup><em>CEO da Microsoft Satya Nadella aparece na corte para o caso FTC vs Microsoft<em> Foto por Loren Elliott Getty Images<sup>

Sobre este caso, o CEO da companhia, Satya Nadella, acabou comentando sobre a questão da exclusividade de jogos no mercado de consoles. Para Satya Nadella, num mundo ideal a exclusividade não existiria, mas que no momento elas acabam sendo necessárias e grande parte da responsabilidade por isso seria da Sony.

“Se coubesse a mim, eu adoraria me livrar totalmente dos exclusivos nos consoles, mas não cabe a mim definir isto. Especialmente como um participante de baixa fatia no mercado de consoles.

A entidade dominante (Sony) definiu a competição de mercado usando exclusivos, então esse é o mundo em que vivemos. Eu não tenho amor por esse mundo.”

Satya Nadella, CEO da Microsoft

Este comentário veio um dia após ser revelado que o chefe do PlayStation, Jim Ryan, admitiu que os exclusivos do Xbox, como Starfield, não são anti-competitivos. Ryan também afirmou que as publishers não gostam do Xbox Game Pass porque ele “destrói o valor” dos games inseridos no serviço e que é muito importante para a Sony investir massivamente no desenvolvimento first-party para competir diretamente com o Game Pass. Ao mesmo tempo, Ryan ainda praticamente admitiu que não seria bom para os interesses da Microsoft manter os jogos da Activision Blizzard disponíveis em todas as plataformas.

Ao ser questionado por um advogado da Microsoft se ele acha que seria melhor manter os jogos da Activision no PlayStation, Jim Ryan respondeu:

Ryan: Sim, eu acho.
Microsoft: Então você acredita que é do interesse da Microsoft disponibilizar jogos da Activision em várias plataformas?
Ryan: Não, não concordo com isso.
Microsoft: Então, se você estivesse comandando o Xbox, recomendaria tornar Call of Duty e outros jogos da Activision exclusivos para Xbox e PC?
Ryan: Essa é uma pergunta hipotética que eu não quero responder.
Microsoft: Então você não consegue responder?
Ryan: Eu não tenho conhecimento suficiente para responder a essa pergunta.

Fica bastante claro que Satya Nadella pensa, de fato, que seria melhor se todos os games estivessem disponíveis em todas as plataformas. Porém, como chefe de uma empresa ele deve estar ciente de que a adoção dos games exclusivos em consoles aumenta o número de inscritos em seus serviços e o número de vendas de seus produtos.

<em><sup>Ilustração por Pavlo GoncharSOPA ImagesLightRocket via Getty Images<sup><em>

Dada a importância atual que os jogos AAA têm para os consoles, é certo que futuramente haverá uma árdua batalha entre a Microsoft e a Sony em busca de exclusivos para seus respectivos serviços, tal qual a proposta de aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft já nos tem mostrado.

Minha Opinião

Sou absolutamente contra a exclusividade de games em plataformas, sejam quais forem. Um jogo exclusivo não significa competitividade, mas sim monopólio. Quando somente uma empresa tem algo a oferecer, é natural que o consumidor fique totalmente dependente dela.

Isso acontece com transporte público em cidades pequenas, como a minha. Aqui em Armação dos Búzios há somente a empresa mãe Salineira e uma ou duas subsidiárias. As práticas do transporte público são sempre abusivas, o custo elevadíssimo, a qualidade do serviço é péssima e isso nunca melhorará, provavelmente, enquanto não houver uma competição justa nesse setor.

O mesmo ocorre com os games: quando um jogo é exclusivo de plataforma X ou Y, você fica refém dessa plataforma se quiser aquele produto. O custo ainda é geralmente elevadíssimo, mesmo se considerarmos o custo somente do jogo e não da plataforma como um todo.

Capa de The Legend of Zelda Tears of the Kingdom por Nintendo eShop
<em><sup>Capa de The Legend of Zelda Tears of the Kingdom por Nintendo eShop<sup><em>

Pois ainda há isso, o custo da plataforma. Se, por exemplo, você quiser jogar Zelda: Tears of the Kingdom, será necessário pagar não somente os R$300 do jogo, mas ainda os, em média, R$3.000 pelo console Nintendo Switch. Afinal, somente nele é possível rodar esse jogo. É claro que estou falando de meios legítimos para jogar.

Se não houvesse o custo da plataforma, eu não seria tão contrário aos exclusivos. Porém, não faz sentido condenar a pessoa a comprar um um console que hoje custa acima dos R$3.000 por um jogo que certamente poderia rodar em qualquer console ou no PC.

É lógico que os exclusivos atraem um certo público. Justamente porque são obrigados a comprarem aquela plataforma para experienciarem determinado conteúdo. Mas a meu ver, isso é o mesmo que obrigar alguém a pagar um taxi com preço tabelado bastante acima da média toda vez que ela quer ir a um prédio em específico. Ela poderia ir a pé, de bicicleta, Uber, etc. Mas é como se só fosse permitida a entrada de quem chega num taxi específico com preço inflacionado. Não me parece razoável.

Portanto, sou contra os exclusivos da forma como eles operam hoje. Se videogames fossem acessíveis ao público geral, teríamos uma conversa totalmente diferente sobre esse mesmo assunto. Mas infelizmente, não é esse o caso.


Fontes: Microsoft CEO says he wants to end Xbox exclusives but blames Sony – The Verge, CEO da Microsoft quer fim dos jogos exclusivos e culpa Sony por não adotar essa estratégia – Adrenaline, FTC Files Lawsuit To Stop Microsoft’s Activision Acquisition | TechRaptor